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Posted by : Unknown
terça-feira, 3 de junho de 2014
Nome Original: Fault In Our The Stars
Diretor: Josh Boone
Duração: 125 Min
“A
amizade levou ao amor. O amor os levou a uma eternidade, algo como um pequeno
infinito”
Com algo
assim tão profundo eu começo dizendo que o autor John Green deve estar orgulhoso de todo o trabalho feito diante de
seu aclamado best-seller A Culpa É Das
Estrelas.O longa é uma grande aula
carismática de como combater a tristeza.Reforçado com personagens de
grande complexidade,que conseguem alternar entre dúvidas típicas da juventude e
questões mais profundas sobre o amor e a morte,a adaptação acaba sendo um projeto
muito acima da média em comparação com os dramas normalmente oferecidos ao
público adolescente.
O filme conta
a história de Hazel (a cada vez melhor Shailene
Woodley, que aqui só de olharmos para ela com aqueles caninhos de oxigênio
no nariz já nos cria uma empatia unica), uma adolescente que está morrendo de
câncer. Doente desde os 13 anos de idade, Hazel é considerada uma espécie de
milagre da medicina, já que segundo prognósticos médicos, já era para ela ter
falecido pouco depois do diagnóstico. Sob a orientação de seus amorosos pais
(Sam Trammel e a sempre boa Laura Dern), Hazel decide comparecer à um grupo de
apoio aos pacientes com câncer para ao menos fazer alguma amizade, e lá acaba
conhecendo o jovem Augustus (o excelente Ansel
Elgort, de Carrie: A Estranha), um rapaz cheio de vida e energia, que não
se deixa abalar por sua doença. O filme então passa a mostrar o cotidiano desta
nova e bela amizade, e seu inevitável caminho rumo à paixão, em meio à tanta
dor e sofrimento que rodeiam a relação.
Escrito
pelos especialistas do gênero Scott
Neustadtner e Michael H. Weber
(500 Dias Com Ela, The Spetacular Now) e dirigido com coração por Josh Boone (Ligados Pelo Amor), o
tom do filme é permeado pela
autoparódia como mecanismo de defesa. Hazel e Gus brincam com freqüência com
suas deficiências, alias a comicidade do projeto lembra muito aquela que
agradou o publico em Intocáveis no qual as brincadeiras com a doença e a
deficiência eram vistas como uma postura louvável, ao invés das tradicionais
autopiedade e vitimização. Hazel e Gus são dois personagens fortes, maduros
para a idade que têm, e repletos de perguntas profundas sobre a morte, a vida e
o legado que deixarão para seus próximos. Não é nada fácil abordar esses temas
com leveza, mas esta obra consegue ser um inesperado filme
sensitivo.
Como adaptação, o filme também merece aplausos. A Culpa é das Estrelas é uma das raras produções adaptadas de
uma obra literária que não parece corrida demais, louca para incluir inumeras reviravoltas possíveis. O ritmo da
narrativa é fluido, graças igualmente a uma edição discreta e eficiente.Os
atores impressionam,
Shailene Woodley mostra que deixou
de ser uma promessa de Hollywood e se tornou uma realidade com seguidas
atuações de peso, em filmes como Divergente
e Os Descendentes. Aqui, Woodley
expressa uma doçura e uma vulnerabilidade irresistível, que conquista a platéia
já no seu primeiro close-up. Elgort também está à vontade com as tiradas sarcásticas, compondo
um personagem interessante, preso entre a aparência forte e as inseguranças que
esconde. Com a sintonia entre os atores, as cenas mais belas do filme acontecem
em silêncio, quando os dois se comunicam muito claramente com o olhar – como no
primeiro encontro no grupo de apoio. Completando o bom elenco, Laura Dern tem um papel
pequeno, mas afetuoso, e Willem Dafoe faz uma aparição amarga e potente na trama.
Sim, A Culpa é Das Estrelas é um filme que
tenta ao máximo transmitir o que se passa na cabeça de quem enfrenta uma
situação tão terrível como encarar a morte de frente, dia após dia. E ao mesmo
tempo, é um filme que transmite como é importante o amor, a compaixão e o
entendimento destes sentimentos na vida destas pessoas,e assim como As Vantagens de Ser Invisível (outro drama
adolescente no qual tem muito em
comum.) retratam a juventude de modo grave, mas afetuoso, enquanto refletem
sobre a questão essencial da marca deixada por cada pessoa naqueles que a amam.
Os dois filmes e livros exploram a bela metáfora do infinito para enfrentar o
esquecimento, a passagem do tempo e o medo da morte.
Sem dúvida,o resultado é tão positivo que eleva o gênero de apenas romance jovem
para um drama que pode ser apreciado por todas as idades. Mas atenção, durante
esta equivalência entre o amor e a morte, é possível que caiam algumas lágrimas
até o final do filme. Preparem os lenços!