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Posted by : Unknown
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Nome Original: The Hunger Games - Mockingjay Part 1
Diretor: Francis Lawrence
Duração: 125 Min
A série Jogos Vorazes é um dos raros exemplos
de como uma adaptação literária juvenil pode sim fugir dos padrões dos
blockbusters atuais e mostrar conteúdo discursivo para com seus espectadores
através da saga de Katniss (Jennifer
Lawrence),jovem adolescente obrigada a enfrentar um torneio de vida ou
morte.Reality shows,mídia manipuladora,tirania política são um dos vários
levantamentos importantes que a autora Suzanne Collins abordou na sua obra.
Em Jogos
Vorazes: A Esperança – Parte 1 tudo que foi construído nos filmes anteriores
culmina numa guerra civil que pode significar a destruição de Panem ou a
libertação de seu povo. O diretor Francis Lawrence mostra, mais uma vez, que
sabe como tornar esses assuntos interessantes para os jovens e relevantes para
adultos.
Dessa
vez, Katniss acorda no hospital do Distrito 13,traumatizada após ser salva da
arena do Massacre Quaternário. Ela não aceita o fato de Peeta (Josh Hutcherson)
ter sido deixado para trás e dificulta os planos da fria presidente Alma Coin
(Julianne Moore) de usá-la como símbolo da rebelião.Com isso ela precisa se
redescobrir: como pessoa e também como liderança.
Com o foco
potencializado na propaganda, o longa nos mostra como a imagem da protagonista
é usada em prol da revolução. Precisando de um ícone para incentivar os
distritos a se rebelarem contra a Capital, os comandantes da resistência não
pensam duas vezes em aproveitar a popularidade de Katniss. Não importa como ela
esteja, mas o que representa - e, para tanto, nada melhor do que uma boa
maquiagem para vender bem o produto.Do outro lado a tática é usada de forma
semelhante.Enquanto a Capital se utiliza de um discurso tendencioso, os
rebeldes exploram ao Maximo as emoções de Katniss a seu favor sem o menor
pudor.Como não imaginar certos exemplos em nossas campanhas políticas?
O fim
justifica os meios, diriam alguns. Mas realmente se os rebeldes se usam de tais
artifícios o que o fazem melhor que a Capital, já que a política do Distrito 13
se faz bem semelhante aos de seus opositores? É justamente este jogo político
de bastidores o que há de mais interessante em A Esperança - Parte 1, seja pela
dualidade manipulador/manipulado ou pelas próprias reviravoltas que o roteiro
guarda. Neste tabuleiro, Katniss e Peeta são meros peões cujas emoções servem
ao interesse de momento, por mais que o relacionamento entre eles sirva como
linha mestra do roteiro.Até os demais personagens tem seus propósitos
recolocados nesta nova realidade,seja pela crença,falta de opção ou senso de
responsabilidade.
Para
propor esta forte mudança na serie Francis Lawrence nos traz um mundo sujo,com
cores cinzentas e não poupa de mostrar cenas um tanto forte para um filme
voltado para um publico adolescente. Há bem menos cenas de ação em relação aos
episódios anteriores, assim como um maior desenvolvimento psicológico da
heroína. Há também uma certa perda de dinâmica na narrativa, muito devido a seqüências
alongadas demais e o próprio tom reflexivo que norteia parte do filme. É nítida
que algumas cenas(fica bem mais visível no final)se esticam até onde pode a
trama do filme para que o exemplar final da franquia pudesse ser exibido em
duas partes nos cinemas. Infelizmente, essa é a nova moda de Hollywood, fazer
dois produtos inchados que poderiam, com bom trabalho de edição, se tornar
apenas uma obra bem feita.
Apesar
disso, o longa faz ótimo trabalho ao mostrar a evolução dos personagens. Josh
Hutcherson , Jennifer Lawrence e Liam Hemsworth souberam como dar novos ares a velhos personagens, cada um com novas funções e
desafios. Elizabeth Banks, como Effie, permanece como alívio cômico e Woody
Harrelson ainda é o mentor de Katniss, mesmo fora dos Jogos. Philip Seymour
Hoffman se destaca como Plutarch Heavensbee, a mente por trás da propaganda rebelde,
em um de seus últimos trabalhos e a veterana Julianne Moore traz bem o tom frio
e rígido ao seu personagem, a presidenta Alma(Dilma rsrs! Brincadeira!) Coin.
A
Esperança – Parte 1 transmite de forma eficaz a idéia de que, em circunstâncias
como essas, não há respostas simples. Não há herói perfeito ou governos ideais.
O verdadeiro perigo está no extremismo: Até que ponto o ódio contra a capital
pode levar todos ao fim? O inverso também é verdade. Dilemas como esse colocam
a franquia como uma das melhores produções voltadas para o público jovem na
atualidade,apesar que por questões mercadológicas (vulgo gananciosa),o estúdio prefira inflar o roteiro e capitalizar em cima dele ao invés de tentar transformá-lo em
algo ainda mais especial.