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Posted by : Unknown
quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Nome Original: The Book of Life
Diretor: Jorge R. Gutierrez
Duração: 95 Min
Guilhermo Del Toro é mesmo genial! Depois de nos encantar
com O Labirinto do Fauno e fazer a alegria dos nerds com Círculo de Fogo, o
incansável diretor produz Festa no Céu, uma grande homenagem ao folclore e a
cultura mexicana ao abordar um dos mais importantes feriados do país, o dia dos
mortos.
Com o bom ano da animação ,onde tivemos o fenômeno Frozen
(que estreou aqui este ano),Uma Aventura Lego e o incrível Como Treinar seu
Dragão 2, alem da surpresa Os Boxtrolls,Festa no Céu destaca-se por seu visual
diferenciado e uma trama também pelo cenário de sua história.
Na aventura, Manolo, Joaquim e Maria são amigos
inseparáveis. Um dia, após uma confusão que os três causam, o pai de Maria
decide mandá-la para longe para a garota aprender a se tornar uma moça
comportada. Manolo e Joaquim prometem esperar a amiga, a qual ambos gostam.
Manolo torna-se um jovem que gosta de tocar música, mas que tem que seguir os
passos do pai como toureiro e Joaquim torna-se um grande herói na região. Com a
volta de Maria, os dois tentarão disputar o amor da moça. Mas Xibalba e La
Muerte, deuses mexicanos, apostaram cada um em um dos garotos, e o que
conquistar Maria, faz a entidade ganhar a aposta.
O roteiro, escrito por Jorge R. Gutierrez (que também é o
diretor), aparenta ter apenas esse lado de uma trama de romance, com os dois
amigos disputando o amor de Maria, mas o interessante é que ele vai além disso
e adiciona alguns elementos a mais, dando uma certa tridimensionalidade a eles.Cada
um dos três tem seus dilemas e personalidades bem apresentados,fugindo até dos
próprios estereótipos criados para eles.
Um elemento que permeia toda a animação é a morte, com o
“Dia dos Mortos“, uma comemoração típica mexicana, que ocorre no dia 2 de
novembro para festejar e lembrar aqueles que já foram. E a forma como eles
abordam isso é boa para um público mais infantil. Não é tratado de forma
tenebrosa nem triste, mas sim como algo bom, como um novo começo para aqueles
que se foram. E que eles não se foram para sempre, que sempre estão conosco se
mantermos eles vivos na memória. É uma bonita mensagem.
Já a animação, há dois “tipos”. Um mais simples e habitual
em animações que contam com personagens humanos, e que o filme não passa tanto
tempo. E há o outro tipo, que passa dentro de história do Manolo e companhia,
onde os personagens tem a aparência de madeira e isso dá um ar diferente e
charmoso para a produção.O visual é vibrante, colorido,e a apresentação dos
mundos fantásticos é realizada de forma primorosa, fica difícil não se emocionar nas sequencias
mais sentimentais, mas tudo conduzido sem apelar para o melodrama.
A trilha sonora de Gustavo Santaolalla acaba sendo uma das
maiores surpresas do filme. O músico acostumado a compor seus acordes para
grandes dramas como 21 Gramas, Babel e Biutiful faz aqui um trabalho belíssimo,
explorando de maneira inteligente os ritmos latinos sem esquecer da
simplicidade em melodias e canções. Festa no Céu depende demais da musicalidade
para sua trama funcionar, o que demonstra um trabalho exaustivo de músicos e
orquestra para conseguir o tom ideal da narrativa.
Festa no Céu” é uma animação belíssima, que sabe abordar
temas sérios, como a morte, pressão familiar, aceitação, crueldade com animais
de forma singela e delicada, passando uma mensagem legal ao final, nos fazendo
sempre reanimar rapidamente diante das dificuldades e mostrando o quão
importante o nosso passado é para construirmos o nosso futuro. Sensacional!